Aqui posto de comando do Movimento das Palavras Armadas.

terça-feira, junho 23, 2009

Álvaro Cunhal

Álvaro Cunhal, falecido em Junho de 2005, permanece na nossa memória e nos nossos ideais!
Por essa razão, recordamos o importante poema de Pablo Neruda escrito quando o dirigente do PCP estava encarcerado no Forte de Peniche. O poema foi publicado num folheto das Edições Avante, "Contribuições à luta pela libertação de Álvaro Cunhal", e que incluía ainda um apelo de Jorge Amado à libertação do valoroso militante antifascista.



Quando desembarcas

em Lisboa,

Céu celeste e rosa,

estuque branco e ouro

pétalas de ladrilho

as casas,

as portas,

os tectos,

as janelas

salpicadas do ouro verde dos limões,

do azul ultramarino dos navios,

quando desembarcas

não conheces,

não sabes que por detrás das janelas

escuta

ronda

a polícia negra,

os carcereiros de luto

de Salazar, perfeitos

filhos de sacristia e calabouço

despachando presos para as ilhas,

condenando ao silêncio

pululando

como esquadrões de sombras

sob janelas verdes,

entre montes azuis,

a polícia,

sob outonais cornucópias,

a polícia

procurando portugueses,

escavando o solo,

destinando os homens à sombra.



Pablo Neruda, A Lâmpada Marinha

2 comentários:

Anónimo disse...

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam muitos dias, e são muito bons;
Há homens que lutam muitos anos, e são melhores;
Mas há os que lutam toda a vida, esses são os imprescindíveis!

Bertold Brecht

Anónimo disse...

Sim, Cunhal permanece na nossa memória e nos nossos corações.