Não é fácil ler António Lobo Antunes, porém, não poderá ser posta em causa a sua genialidade literária. Li o seu artigo na Visão, no qual anunciava publicamente a sua retirada da literatura pública. Isto porque Lobo Antunes admitiu que irá continuar a escrever, como antes o fazia sem que ninguém soubesse, e irá, depois de ler as obras erigidas, destruí-las junto do pinheiro da casa da família. Irá assistir sozinho às folhas de papel a desaparecerem desfazendo-se em cinzas. Já pensei várias vezes em eliminar este blogue, não queimando-o porque é impossível, mas fazendo-o evaporar-se com um simples clicar num botão. Ainda não o fiz porque o apego a algo que criamos, torna-se semelhante ao apego a um parente e é isto que me faz confusão na atitude publicada por Lobo Antunes. Como é possível alguém dizer com tanta simplicidade e frieza que destrói algo que sai de dentro de si, com a mesma naturalidade com que atira fora um qualquer objecto sem utilidade? Se fosse Saramago eu sentir-me-ia mais triste, mas tudo se reduz a opções.
Aqui posto de comando do Movimento das Palavras Armadas.
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
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1 comentário:
O homem é um irreverente. A sua escrita é irreverente. Assim é o seu génio. E se ele não vai contiuar a escrever publicamente e depois queimar o que escrever é porque quer assim. E quem somos nós para julgar o que desconhecemos? Mas compreendo o que tu dizes em relação à determinação para fazer isso. Eu cá acho que há gajos para tudo!
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