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domingo, fevereiro 15, 2009

Em nome do Trabalho

Vigília pelo Emprego e de Solidariedade junto Câmara Municipal de Santa Maria da Feira JOAO ABREU MIRANDA/LUSA





Santa Maria da Feira, 14 Fev (Lusa) - Jerónimo de Sousa defende que o Código de Trabalho deveria impedir as grandes empresas que receberam apoios do Estado -- como "é o caso dos patrocínios obscenos aos amorins e aos belmiros" - de usarem a crise como "desculpa" para despedir.

Num comício realizado hoje em Lourosa, concelho de Santa Maria da Feira, o secretário-geral do PCP defendeu que os grandes grupos empresariais, "com condições financeiras para aguentarem os efeitos da diminuição da procura", não deveriam poder usar a crise "como engodo para se verem livres dos trabalhadores".

O líder comunista referia-se aos despedimentos colectivos que se vêm verificando no distrito de Aveiro, em empresas como a Amorim, Suberus, Eccolet, Cifial, Granorte e Aerosoles (todas sedeadas no município da Feira, com excepção para a última, instalada no concelho de Ovar).

No caso da Corticeira Amorim, Jerónimo de Sousa rejeita que o despedimento recente de 193 trabalhadores seja motivado por dificuldades económicas: "O valor nominal de algumas das suas muitas empresas pode ter caído, mas amanhã ou depois novas operações especulativas multiplicam-lhes por dois, cinco ou 10 o valor das acções".

"Não é a questão de [Américo Amorim] ser só o homem mais rico do país e aquele a quem o Governo deu uma rica fatia da Galp (...) mas não me surpreenderá que, depois da crise, tornem a ir buscar esses mesmos trabalhadores que, nessa altura, já estarão em situação precária", afirmou o líder comunista.

A nível nacional, "também é curioso ouvir o Governo dizer que está a fazer uma política de promoção do emprego e depois, ao ler o PEC [Programa Estabilidade e Crescimento], ver que o PS quer simplesmente eliminar 56 mil postos de trabalho na Administração Pública" até 2011.

Para Jerónimo de Sousa, "a pressão para reduzir os direitos dos trabalhadores em nome da manutenção do emprego está a ganhar caminho" e o novo Código do Trabalho, com a "leitura trapalhona" que fez de algumas matérias, "é mais um instrumento de pressão sobre esses direitos".

O secretário-geral do PCP quer por isso apresentar ao Tribunal Constitucional um requerimento apelando à "fiscalização sucessiva" das alterações ao Código do Trabalho.

Sem especificar datas mas garantindo à Lusa que é "para muito breve", o líder realçou que "o requerimento vai ser apresentado por iniciativa do PCP mas conta com participação de outros deputados da Assembleia legislativa", sendo que, nesta fase, o partido está a proceder à recolha de assinaturas.

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