Aqui posto de comando do Movimento das Palavras Armadas.

sábado, maio 02, 2009

A defesa de Álvaro Cunhal no Tribunal Plenário, de 2 a 9 de Maio de 1950

A 2 de Maio de 1950 iniciou-se o julgamento de Álvaro Cunhal no Tribunal Plenário da Boa Hora. Na bancada da acusação, a PIDE. Na bancada de defesa, o seu pai, Avelino Cunhal e Luís Francisco Rebelo.

No entanto, o dirigente comunista encarregou-se da sua própria defesa e de improviso, nos dois primeiros dias do julgamento, falou durante mais de dez horas.

“Nós queremos que a política seguida em Portugal seja efectivamente portuguesa, seja determinada pelos interesses da maioria da população portuguesa e não pelos interesses de um ínfimo punhado de multimilionários que se tornam cúmplices dos imperialistas estrangeiros nos conselhos de administração das grandes companhias. Nós queremos que a independência portuguesa seja uma realidade vivida pelo nosso povo e não uma frase para fins publicitários.”

(Álvaro Cunhal)




http://resistir.info/portugal/imagens/cunh_12.jpg
Álvaro Cunhal, Desenhos da Prisão
alfa

5 comentários:

alex disse...

Em memória de Álvaro Cunhal:

Há os que lutam um dia; e por isso são bons;
Há os que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém, há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.
(Bertolt Brecht)

abril rubro disse...

Por vezes irrompem da noite dos tempos homens assim! Com coragem teceram a sua vida, com persistência assumiram os desafios, com tenacidade voltaram à luta depois de um desaire. Por essa razão permanecem na nossa memória e integram os nossos sonhos!

Anónimo disse...

Sofia Ferreira, testemunha da prisão da Á. Cunhal, descreve os acontecimentos ao jornalista Adelino Cunha, do Jornal de Notícias:

A porta salta do ferrolho corrida a pontapé e o rés-do-chão é invadido por homens armados. Ouvem-se gritos ameaçadores, o rebuliço de alguns móveis atravessados por encontrões e o avançar pretoriano dos agentes escadas acima. É madrugada. A brigada da PIDE e os guardas da GNR surpreendem um homem de pijama a sair do quarto, um segundo ainda deitado, que terão daqui a pouco de ajudar a levantar-se devido à doença que o deixara prostrado, e uma jovem coberta com um robe.
O chefe da brigada da PIDE é Jaime Gomes da Silva. Manda encostar uma arma à cabeça de Álvaro Cunhal e ordena em tom teatral: "Se esse se mexer, dá-lhe um tiro e mata-o". É toda esta panóplia guerreira que deita abaixo a mais importante casa clandestina do PCP: a vivenda do Casal de Santo António, no Luso.
"O Álvaro Cunhal e o Militão Ribeiro foram de imediato encostados a uma parede e com armas apontadas. Algemaram-nos depois um ao outro ainda de pijama e só depois de a casa ser revistada é que foram levados", conta Sofia Ferreira, única testemunha viva.

Anónimo disse...

Álvaro Cunhal, segundo Miguel Urbano Rodrigues:
Álvaro Cunhal nasceu ha 91 anos, no dia 10 de Novembro.
São os povos, colectivamente, como sujeito da história, que transformam a vida, mas é inegável que alguns homens e mulheres contribuem por vezes decisivamente para lhe inflectir o rumo.
Álvaro Cunhal ficará pelo tempo adiante como um desses seres excepcionais. Poucos portugueses marcaram tão profundamente a história do nosso pais no século XX. Talvez nenhum tenha sido tão caluniado e injuriado pelas forças da reacção e por todo um feixe de adversários de múltiplos quadrantes ideológicos.

quevivacunhal disse...

O interrogatório dos presos, Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro, começou logo na viagem entre o Luso e o Porto e aqui continuou, conduzido pelo que de melhor aí dispunha a PIDE: o inspector superior Catela, o inspector Porto Duarte, o capitão Graça, o chefe de brigada Jaime Gomes da Silva e o agente Mortágua. Todos os presos se recusaram a responder.
Mais do que tortura física, há grande dureza com a “incomunicabilidade mais rigorosa”, postos “em pequenas celas, mantidos no isolamento mais completo, sem o mínimo de condições vitais”.
Em Abril Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro são transferidos para a Cadeia Penitenciária de Lisboa.
Álvaro Cunhal será julgado e condenado, ficando preso 11 anos, até à sua célebre evasão de Peniche, em 3 de Janeiro de 1960.