A reacção de Álvaro Cunhal perante a previsível condenação do Tribunal Plenário assumiu um tom profético perante os juízes, referindo-se-lhes com dureza:
“Vamos ser julgados e certamente condenados. Para nossa alegria basta saber que o nosso povo pensa que se alguém deve ser julgado e condenado por agir contra os interesses do povo e do país, por utilizar meios inconstitucionais e ilegais, esse alguém não somos nós, comunistas. O nosso povo pensa que, se alguém deve ser julgado por tais crimes, então que se sentem os fascistas no banco dos réus, então que se sentem no banco dos réus os actuais governantes da Nação e seu chefe, Salazar.”
Álvaro Cunhal seria condenado a quatro anos e seis meses de prisão celular, ou, em alternativa, a seis anos e nove meses de degredo. Para além disso, foi condenado a medidas de segurança” que permitiam mantê-lo na cadeia por toda a vida!
Álvaro Cunhal participaria na célebre fuga do forte-prisão de Peniche, em 3 de Janeiro de 1960.
1 comentário:
Pacheco Pereira refere-se à fuga em "Álvaro Cunhal - Uma Biografia Política - O Prisioneiro (1949-1960)", volume 3, Temas & Debates, 2005, pp.702-732.
«Mesmo que, por qualquer motivo, a fuga tivesse sido abortada na sua segunda fase – o trajecto para os esconderijos na zona de Lisboa -, nem por isso deixaria de poder ser considerada um enorme sucesso político para o PCP e um momento alto contra o regime de Salazar. Poucas fugas de caráceter político se lhe podem comparar, mesmo incluindo as mais célebres fugas ocorridas durante a II Guerra Mundial. Na história do movimento comunista, é um acontecimento ímpar.»
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