Aqui posto de comando do Movimento das Palavras Armadas.

domingo, maio 31, 2009

Giorgio de Chirico, Mistério e melancolia de uma rua

Tudo
oque
aope
rder-
teem
miml
ogoe
uper
deria


alfa

sexta-feira, maio 29, 2009

The Killers



A proposta musical para este fim-de-semana não é nada que não se conheça já. The killers, fazem parte das minhas bandas favoritas desde a altura em que ouvi o Read my mind. Depois, com este albúm novo, a banda mostrou que é uma das melhores bandas no espectro musical. Ela é hoje a minha proposta para o fim-de-semana, simplesmente por causa do novo single que só há dias ouvi, o spaceman. Sem dúvida mais um êxito! Para ouvir a música basta clicar no link associado ao nome da mesma. Aconselho a ouvi-la em alta definição.

Qual!?

Hoje irá realizar-se, na Assembleia da República, a 2.ª volta para a eleição do Provedor de Justiça. Entre os sobreviventes da 1.ª volta estão: Jorge Miranda e Maria da Glória Garcia. Entre os dois, eu prefiro o do meio. Parece que o PCP vai inviabilizar a escolha do Provedor de Justiça e a mim parece-me bem. Escrevo com conhecimento de causa, porque entre os dois não há escolha possível.

Fábrica de Braço de Prata


Corridas do Bairro Alto, a Ler Devagar e a Eterno Retorno juntaram forças e partiram rumo a Braço de Prata para se alojarem na antiga fábrica da zona. Antes um local onde de fabricava material de guerra; agora aqui, discutem-se ideias, fabricam-se conceitos e cria-se arte. Várias salas, diversas artes, um sem fim de propostas encerradas no mesmo espaço. Cada porta esconde um segredo. Existem quatro salas de galeria. Uma livraria polvilhada de exposições, uma livraria convencional que surge na sequência da famosa livraria Ler Devagar, conhecida também pela sua especialização na arte do cinema, três salas que serão lojas, uma sala onde a sétima arte ganha vida e uma esplanada. Um espaço moderno com uma decoração minimalista mas uma atmosfera agradável que vai convidando o visitante a ficar e ir ficando. Inadvertidamente, torna-se habitué... Kafka, Nietzche, Arendt, Deleuze, Virginia Wool, Turing, Artaud, Tcekov, Visconti, Marguerite Duras e Beauvoir. A memória de todos estes vultos passeia-se nos corredores e cada um delas apropria-se de uma das onze salas.

in Lifecooler

Para aceder ao site da Fábrica clica na imagem

quinta-feira, maio 28, 2009

José Júlio de Souza Pinto

José Julio de Souza Pinto (1856-1939) A Recolha das Batatas, 1898, Óleo sobre tela, Paris, Museu d'Orsay


Originário da Ilha Terceira, nos Açores, José Júlio de Souza Pinto foi muito novo para a cidade do Porto onde realizou brilhantes estudos artísticos. Obteve uma bolsa em 1880 que lhe permitiu continuar os estudos em Paris, onde frequentou A Escola de Belas-Artes e o atelier de Alexandre Cabanel. Em 1881, participou com um retrato no Salão da Sociedade dos artistas franceses. A partir de 1883, trabalhou a pintura de género, influenciado nos temas e no tratamento das formas pelo Naturalismo de Jules Bastien-Lepage.


O primeiro plano desta obra, que nos remete para as origens açorianas do autor, apresenta-nos um rapaz e uma rapariga a assar batatas numa pequena fogueira de raminhos, enquanto se avistam ao longe alguns camponeses atarefados na Recolha de Batatas, título definitivo atribuído à obra quando passa a integrar, desde 1891, a colecção do Musée du Luxembourg.

Esta evocação dos trabalhos campestres remete para a cena de género sentimental de exaltação e glorificação do rude trabalho dos camponeses que marcam as pinturas realistas de Jean-François Millet.

quarta-feira, maio 27, 2009

Vejo um animal menos forte do que alguns,

menos ágil do que outros, mas que, ao fim e

ao cabo, é de todos o mais bem organizado.



Jean-Jacques Rousseau, Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens

terça-feira, maio 26, 2009

Cal, solidão e orgulho

O sol incendeia a cal e esmaga-se na nudez alva das paredes. As casas estão assolapadas contra o solo. Recolhidas umas às outras como rebanho pela frega da calma. Tudo no Alentejo é horizontal: a terra, o montado de sobro e azinho, as searas, os montes, as aldeias, as vilas. Tudo. Só os homens são verticais, como as faias e os eucaliptos. Solitariamente altivos e graves. De uma gravidade olímpica.
Verticais e inteiros no modo de tratar o sol por tu. De lidar com ele como quem lida com a mulher e os filhos. O alentejano acende cigarros nos dedos do sol. O mesmo sol que para lá da penumbra de um postigo se passeia no largo da vila, tão livre, tão livre, como só um rei sem trono pode ser.
Rei sem trono é o alentejano. Tal qual o sol: a pagar em solidão o que em altivez lhe sobra.
Cada alentejano tem um eremita dentro de si. É uma natureza fechada. Orgulhosa. O silêncio esmaga gritos dentro do peito escancarados. Um ser sóbrio, altivo e solitário carregando aos ombros toda a tragédia que o mundo pode ter. É assim o fruto humano desta "charneca rude" que Florbela cantou. Dono de si próprio.
Alentejano: expressão concentrada de todas as matrizes que a solidão pode ter. Toda ela, toda a solidão do mundo, inteirinha no coração de um homem só, riscando nos descampados veredas que nenhum deus guiou. “Olhai o vagabundo que nada tem e leva o sol na algibeira!”, escreveu Manuel da Fonseca.




Pedro Ferro, Descubra Portugal.




foto alfa, “A caminho de Vila Alva…”

segunda-feira, maio 25, 2009

Quem tudo quer, tudo perde

Hoje tive a confirmação do provérbio: Quem tudo quer, tudo perde. Já esperava que tal acontecesse.
Na elaboração da mesa eleitoral de uma das freguesias do Concelho onde sou Mandatário para as eleições europeias, o PS chegou e apontou 3 nomes para a sua constituição, exigindo a Presidência, o Secretário e um escrutinador. Com a entrada na sua constituição pela primeira vez desde há muito tempo do PSD, à CDU restava-nos colocar um elemento na Vice-presidência, perdendo um dos elementos que tínhamos. Ou seja, não querendo que o PSD ficasse de fora, a CDU seria colocada ao nível de uma força partidária que não tem qualquer expressão eleitoral a nível concelhio. Não cedemos, porque a diferença percentual, em termos eleitorais, entre PS e CDU, de apenas 3 unidades, não justificava as imposições da representante do PS. Achámos que devido à entrada do PSD na constituição das mesas, o PS devia perder um membro ficando em igualdade com a CDU, aliás, igual ao que aconteceu na elaboração das mesas da maior freguesia do Concelho. Perante a intransigência de parte a parte e devido à falta de consenso, restou a solução do sorteio para os membros da mesa, com os nomes indicados pelas forças partidárias.
Resultado do concurso: PSD 3 elementos, sendo que a presidência da mesa é sua. CDU 2 elementos, ficando nós com a Vice-presidência e Secretário. PS 0 elementos. Quem tudo quis, tudo perdeu!

A actualidade de Paul Lafargue ou a questão do “novo” e do “velho”:



“Deveres do Capitalista - 19. Não especula sobre a essência da virtude, da consciência e do amor; mas faz especulações com a sua compra e venda.”


Paul Lafargue
, A Religião do Capital, jornal Le Socialiste, 1886


Otto Dix, Kartenspieler [Cardplayers]1920

domingo, maio 24, 2009


Surpreendendo quem a escuta pela primeira vez, Rita Redshoes encanta com as suas canções e com o ritmo que os seus sapatos vermelhos marcam ao tocar um no outro… Temas como "Dream on Girl", “The Beginning Song” e “Choose Love” retirados do já emblemático “Golden Era” – o seu disco de estreia, já são considerados hinos pelo público português.
Assim, Rita Redshoes anuncia o seu primeiro grande espectáculo em Lisboa, o culminar de um ano intenso cheio de concertos e de novas experiências, num dos espaços que já se tornou circuito obrigatório dos espectáculos da capital – o S. Jorge.
Dia 28 de Maio, Rita Redshoes irá levar a Lisboa um misto de magia e ousadia, num espectáculo preparado especialmente para a ocasião.
A new star is born! Rita Redshoes.

O dia 28 já esgotou estando disponível uma nova data, dia 29 de Maio pelas 22h.

sábado, maio 23, 2009

A Marcha... por um País melhor!

Foto RTP/Lusa

Mais uma vez não fiquei longe dos números. Previa cerca de 100 mil pessoas e acho que estiveram bem mais que 85 mil. A maior acção do género organizada em Portugal por uma formação política. É impossível ter uma Família maior!


Mais fotos disponíveis aqui


Hoje!


quinta-feira, maio 21, 2009

Dia da Espiga

Renoir, Menina com as espigas.

Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.


quarta-feira, maio 20, 2009

Left Right Left Right Left

O novo Albúm dos Coldplay gratuito no site da Banda.

terça-feira, maio 19, 2009

O Largo

O Largo pertence a um passado que se prolonga no presente, coexistindo com o desenvolvimento das telecomunicações e da informatização que transformou o mundo numa aldeia global. O Largo, afinal, adquiriu uma dimensão planetária. Expressões como Software, Windows, Excel, PhotoShop e PowerPoint integraram o nosso vocabulário. Há quem passe o dia a surfar na Internet!
O futuro imediato passa pelo telemóvel da Google, pela televisão por Internet, pelos computadores ultra-portáteis, pelos DVD de alta definição, pelo ecrã e-paper.
E pelo novo sistema Windows Mobile 6 que o Vista já está nas lojas há demasiados meses!
No entanto, e até por tudo isso, devemos privilegiar e apreciar aquilo que a natureza nos proporciona e o que os seres humanos fazem desde sempre. Olhar com olhos de ver o voo rasante dos pássaros, o ribeiro de águas cristalinas, a lonjura da planície. Ou saborear o pão quente acabado de sair do forno!
Esta é a outra parte da nossa civilização, da nossa cultura, de nós próprios, que não vamos permitir que seja destruída ou irreversivelmente degradada.

alfa

O Largo

Mas o largo é, sobretudo, o poiso dos homens velhos. Juntam-se em grupos. Farejam todos os cantos do largo: no Inverno a perseguir o “olhinho de sol”, capaz de criar a ilusão de algum calor naqueles ossos secos como paus.
Todos os caminhos vão dar ao largo. As ruas nele desaguam. E as conversas. Os velhos olham e escutam. Murmuram. Os velhos falam por meias palavras. Comentam. Rosnam. Pregam sentenças. Acenam com as cabeças. Só as cabeças se movem nestas naturezas de azinho. O largo é um crivo social. Uma peneira moral. E os velhos um conselho de anciãos a medir com conhecimentos de vivência já com barbas, o pulso à vila e às suas gentes.


Pedro Ferro, Descubra Portugal

segunda-feira, maio 18, 2009

A actualidade de Lafargue

“O Eleito do Capital - 15. O capitalista é a lei. Os legisladores redigem os códigos segundo as suas conveniências e os filósofos ajustam a moral aos seus costumes. Todas as acções que pratica são justas e boas. Todo o acto que lesa os seus interesses é um crime e será punido.”

Paul Lafargue,
A Religião do Capital, jornal Le Socialiste em 27 de Fevereiro de 1886.




Diego Rivera, A vendedora de flores

domingo, maio 17, 2009

A emergência de uma nova “casta” política

Em todo o mundo capitalista desenvolve-se uma nova casta dominante de banqueiros, empresários e políticos, “velha” e absolutamente saudosa das relações sociais e laborais características do século XIX.

Paradoxalmente, essa casta, gosta de sublinhar a sua pretensa “modernidade” e tem vindo a instalar com relativo sucesso um quadro de pensamento único no Estado, nas empresas, nas universidades e nos meios de comunicação. Juram a pés juntos que não existe alternativa ao “seu” quadro político, jurídico, financeiro, económico e social!

No entanto, não deixa de ser curioso verificar a estupefacção com que os novos manipuladores do capital reagem perante as incertezas das bolsas e os rumos da economia internacional no curto e no médio prazo! Afinal, brincam a feiticeiros da finança e não dominam as suas premissas fundamentais!
Então, estabelecem o que é “novo” e o que é “velho” na ideologia, no governo, nas leis. O “novo” surge associado à desregulação das leis do trabalho, às manipulações financeiras, à extrema hierarquização da sociedade. Com eles “acabaram-se” os trabalhadores. Agora, há os “colaboradores” prontos a usar e a despachar!
Esta nova realidade política verifica-se num tempo que tem consigo algo que é absolutamente novo: pela primeira vez nas sociedades capitalistas tecnologicamente evoluídas alguns teóricos consideram que a “massa humana” já não é materialmente necessária, de um ponto de vista económico, nem utilitário.

Este é uma concepção perigosa e geradora de um tremendo retrocesso das conquistas sociais e laborais dos trabalhadores durante o século XX e que a legislação dos estados sociais do pós-guerra veio a confirmar e pressupõe um retrocesso a conceitos políticos anteriores às revoluções liberais dos séculos XVIII e XIX!

Assim, instalando-se uma nova relação de forças nas lutas sociais, a elite aristocrática que assume o poder exerce-o com uma violência arrogante inadmissível e sujeitam os cidadãos a uma espécie de punição social, que só a luta dos trabalhadores e a consciência social e política dos cidadãos será capaz de deter.

alfa

sábado, maio 16, 2009

foto alfa: o fim do dia em Vila Alva


Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, "O Guardador de Rebanhos"

sexta-feira, maio 15, 2009

Flor-de-Lis


Projecto cuja raíz assenta na música popular portuguesa, mas que se quer disponível para diversas "contaminações" de outros continentes, sendo desde já evidentes a América Latina e África.

O repertório actual apresenta não só letras originais, mas também poemas de Eugénio de Andrade, José Régio, Ary dos Santos, David-Mourão Ferreira e Maria José de Castro.


Clicar na imagem para ouvir as músicas do grupo. Aconselho em especial a música No teu olhar!


Embrenhado na floresta profunda , no cume de um vulcão, existe um mundo extraordinário onde tudo é possível. Um mundo chamado Varekai.
Do céu surge um jovem rapaz e a história de Varekai tem início. Atirado para as profundezas de uma floresta mágica, um mundo caleidoscópico habitado por criaturas fantásticas, o jovem inicia uma viagem absurda mas maravilhosa. Neste dia de final de era, neste lugar de pura e virgem possibilidade, tem início um encantamento inspirador para uma nova existência a descobrir numa busca através dos mistérios do mundo e da mente.
Varekai (pronunciado ver·ay·'kie) significa "onde quer que seja" na linguagem cigana, os eternos viajantes. Criada e dirigida por Dominic Champagne, esta produção presta homenagem à alma nómada, ao espírito e arte da tradição circense e a todos aqueles que desafiam com infinita paixão os longos caminhos que levam a Varekai.

Dazkarieh

A música dos Dazkarieh é caracterizada por um manancial rico e diversificado de sons inspirados em várias culturas musicais do planeta, partindo do uso, da exploração e da fusão de instrumentos e de elementos musicais com origens distintas. A heterogeneidade musical assumida pelo grupo é patente num conjunto de composições que, pela síntese de materiais musicais tão diversificados, podem ser apontadas como singulares, mas sempre cativantes e originais. Por outro lado, a formação musical diferenciada dos seus instrumentistas (música tradicional, rock, experimental e música erudita), contribui igualmente para o enriquecimento do processo criativo do grupo.

Para ouvir clica na imagem

quinta-feira, maio 14, 2009

A Cuba vai mudar



Hoje, tanto eu como o Alfa, partilhamos a confiança de que a Cuba vai mudar. Depois de termos assistido ao que se passou naquela praça, só podemos acreditar que a vitória está perto. O tempo todo que tive em cima do palco, permitiu-me ter uma imagem impressionante da multidão que ali se juntou, para nos dar ainda mais vontade de continuar...

quarta-feira, maio 13, 2009

Palácio de Almanzor



A decoração, o sabor dos chás e o cheiro dos cachimbos de água transporta-nos para o ambiente das 1001 noites. Um espaço que traz ao de cima toda a cultura árabe que ainda influência o Povo Alentejano.

Per-a-mour!

Paramore (pronuncia-se "Per-a-mour", AFI: [ˈpærəmɔər]) é uma banda Americana de rock alternativo, formada em Franklin, Tennessee, em 2004. “All We Know Is Falling” foi o álbum de estreia de Paramore pela “Fueled By Ramen”, que marcou a chegada de uma nova e encantadora banda de rock. A banda tem algumas músicas suas na banda sonora do filme Crepúsculo.

Para ouvir no Myspace clica aqui.

terça-feira, maio 12, 2009

"A verdade vence o medo! Cuba vai mudar!"



Sob aquele lema e na presença de centenas de pessoas, que se reuniram no Largo da Bica, a CDU apresentou todos os candidatos a todos os órgãos autárquicos do concelho de Cuba e manifestou a confiança de que, desta vez, vai recuperar o Município e as Freguesias.

Pedro Ferro! Há pessoas assim…





Pedro Ferro foi um antropólogo em permanência, para se assumir como ensaísta, poeta, jornalista, professor ou historiador nos outros momentos.
Como cientista do Ser Humano, em particular do Alentejano, ofereceu-nos inúmeras páginas onde com ironia, amargura, revolta, emoção e paixão, nunca contidas, e uma escrita como que talhada no bronze, sempre carregadamente poética, traça um retrato pleno de cumplicidade e de fraternidade com os homens seus irmãos.
Conhecedor do conceito estrutural da formação e do desenvolvimento das sociedades, o Alentejo que descreveu permanece ainda hoje perante os nossos olhares.
A leitura, a reflexão e a crítica dos textos que Pedro Ferro nos legou são uma preciosa ferramenta de análise que nos permite compreender melhor o Alentejo neste tempo vertiginoso de mudanças socioculturais.
Sendo, por natureza, um homem incómodo, controverso, obstinado e corrosivo, desalinhou e desalinhou-se num país adepto do mais ou menos e da palmadinha nas costas, do respeitinho e do cada um no seu lugar. O seu entendimento de coerência e de verticalidade constituiu sempre o seu referencial de acção.
Uma pessoa assim deve persistir na nossa memória colectiva!



alfa

segunda-feira, maio 11, 2009

A actualidade de Paul Lafargue e as “miudezas” ideológicas:

“Deveres do Capitalista - 12. O capitalista não é, ideologicamente, como o esquilo que na gaiola se limita a roer, roer… sem nada roer.”

Paul Lafargue, A Religião do Capital, Jornal Le Socialiste, 1886


George Grosz, Jornada cinzenta, 1921

domingo, maio 10, 2009

Porque hoje é Domingo e o coração bate mais apressado no Largo da Bica!


Oh! Esta comoção

de me sentir sozinho

no meio da multidão

- a ouvir o meu coração

no peito do vizinho

Oh! Esta solidão

quente como a camaradagem do vinho!



José Gomes Ferreira, Comício

OqueStrada




TascaBeat: o sonho português é o nome do primeiro trabalho dos portugueses OqueStrada. Trata-se da banda que reinventou o «glamour numa versão boémia e proletária».

Depois de sete anos com espectáculos de Norte a Sul do país e representações em países como a França, China, Sérvia e Espanha, os OqueStrada editam finalmente o seu primeiro álbum. TascaBeat: O sonho português vai estar nas lojas a partir do dia 27 de Abril e a banda assegura que quem viu os seus espectáculos «guarda no coração».

O grupo de Almada conta com Miranda para dar voz às suas músicas, João Lima na guitarra portuguesa, Pablo (contra-bacia), Zeto Feijão (guitarra e voz) e Danatello Brida (acordeão). O conceito e a dramaturgia musical estão a cargo de Marta Mateus e Jean Marc Dercle.




A revista Vogue definiu os OqueStrada como a «reivenção do glamour numa versão boémia e proletária»: «A cantora é uma espécie de Rosinha dos limões cruzada com Edith Piaf. Que arregaça a saia (mas não em demasiado) quando chega aos refrões. O grau de desvario pode ser avaliado pela versão fado/musette do clássico Killing me softly. Igualmente surpreendentes são os originais, onde há desgarradas meio em português meio em francês, bossa nova arraçada de ska, corridinhos de funaná».







Para ouvir clica na imagem

sábado, maio 09, 2009

A acusação de Álvaro Cunhal no Tribunal Plenário (9 Maio 1950)


A reacção de Álvaro Cunhal perante a previsível condenação do Tribunal Plenário assumiu um tom profético perante os juízes, referindo-se-lhes com dureza:

“Vamos ser julgados e certamente condenados. Para nossa alegria basta saber que o nosso povo pensa que se alguém deve ser julgado e condenado por agir contra os interesses do povo e do país, por utilizar meios inconstitucionais e ilegais, esse alguém não somos nós, comunistas. O nosso povo pensa que, se alguém deve ser julgado por tais crimes, então que se sentem os fascistas no banco dos réus, então que se sentem no banco dos réus os actuais governantes da Nação e seu chefe, Salazar.”

Álvaro Cunhal seria condenado a quatro anos e seis meses de prisão celular, ou, em alternativa, a seis anos e nove meses de degredo. Para além disso, foi condenado a medidas de segurança” que permitiam mantê-lo na cadeia por toda a vida!

Álvaro Cunhal participaria na célebre fuga do forte-prisão de Peniche, em 3 de Janeiro de 1960.







alfa

A tortura



Intervenção de Álvaro Cunhal no seu julgamento no Tribunal Plenário, de 2 a 9 de Maio de 1950:


“Como membro do PCP, como filho adoptivo do proletariado, cumpri os meus deveres para com o meu partido e o meu povo. É isto que interessa que fique provado (…).

De facto, na PIDE foram-me feitas variadas perguntas relacionadas com a minha actividade política.
A todas elas me recusei a responder com o fundamento - que mantenho - de que um membro do Partido Comunista Português (…) não tem quaisquer declarações a fazer à polícia política.
“Da primeira vez que fui preso, como me negasse a prestar declarações, algemaram-me, meteram-me no meio de uma roda de agentes (da PIDE) e espancaram-me a murro, pontapé, cavalo-marinho e com umas grossas tábuas com uns cabos apropriados. (…) Isto repetiu-se numerosas vezes, durante largo tempo, até que perdi os sentidos, estando 5 dias sem praticamente dar acordo de mim.”




Álvaro Cunhal, Desenhos da Prisão



alfa

sexta-feira, maio 08, 2009

O Sonho

http://artyfactory.com/art_appreciation/graphic_designers/abram_games/dali.jpg
Salvador Dali, Aparição de uma cara e de um
fruteiro numa praia,1938



Perante o sonho

no improviso da luz,

no areal disperso,

nos meandros da distância,

na indefinida linha do horizonte,

todo o meu ser se inclina

no regresso das coisas sem medida…

alfa

quinta-feira, maio 07, 2009

Poesia

Ermida de N. Sra. da Represa (Vila Ruiva)


Me duele la ausencia
de mentes mas claras
que nunca por claras
tuvieram morada.
(Luís Eduardo Aute)

terça-feira, maio 05, 2009


Wassily Kandinsky, Composição VII, 1913


Na vertigem das emoções
na persistência dos sentimentos
na solidão das horas
na inquietação do instante
no labirinto da saudade
na amargura dos sons antigos
no horizonte do infinito
no recomeço do instante

permanece
a eternidade do tempo
nas dobras do silêncio.




alfa




segunda-feira, maio 04, 2009

Afinal as atitudes sectárias não são de quem se pensava!

Castanhas a estalar na boca


Ponto final, em principio

Desejo esclarecer que, em condições normais, não escreveria este «post» e muito menos publicaria esta fotografia. Faço-o apenas porque me dizem que esta foto (em que propositadamente apaguei o rosto de uma pessoa) terá desaparecido do sítio onde estava alojada (havendo muita gente que sabe qual era o endereço electrónico).E, se assim foi, trata-se de uma atitude manifestamente pueril mas que volta a confirmar que uns têm a fama de rasura de imagens feitas para aí há 70 anos ou mais e outros têm o proveito de fazer algo similar hoje.
E "desidentifiquei" a segunda pessoa, a partir da esquerda, da mesa (que muitos blogues relacionam com imagens passadas numa peça da RTP N sobre os incidentes do Martim Moniz) porque, ao contrário de outras opiniões, não vejo qualquer interesse numa investigação ou identificação sobre quem teve comportamentos muitíssimo errados ainda que verificados numa situação de descontrolo individual e de crispação política. Sendo certo que tenho quase a certeza que uma tal investigação não deixaria de revelar a atitude e intervenção serena e apaziguadora de vários camaradas meus.
A foto fica aqui sobretudo para ver se alguns gulosos aprendem de vez que as castanhas lhes podem rebentar na boca, que devem tomar chá de tília antes de blogar em cima da hora sobre acontecimentos similares e, já agora, se não lhes custar muito, que bem podiam mandar de longas férias o enraizado preconceito anticomunista que lhes encharca as meninges.
Dito isto, continuo à espera que José Sócrates, Vitalino Canas, Vital Moreira e João Proença digam uma palavrinha que seja de repúdio ou lamento sobre o ilegal e antidemocrático arranque de propaganda da CDU na Avenida da Liberdade, na noite de 30/4 para 1/5, e indiscutivelmente perpetrado por uma brigada da UGT (como a PSP sabe) e que, azar dos Távoras, quem sabe se não incluia militantes do PS.


P.S: A pessoa cujo rosto apaguei da fotografia, e cujo nome nem sequer me sinto na obrigação de citar, teve o cuidado de se me dirigir directamente contando o que de facto disse a Vital Moreira (incluindo o chamar-lhe «traidor», o que prova que o uso deste termo não pode ser conotado com uma única formação partidária) na circunstância mas esclarecendo que não praticou qualquer tipo de agressão física. Por mim, relembro que, no «post» em cima, eu também não acusava a pessoa disso e, nesse sentido, não vejo nada a rectificar no texto publicado.


in O tempo das cerejas

Neste tempo de exclusão social, ironicamente, persiste a actualidade de P. Lafargue:

“Deveres do Capitalista: 35 - Um capitalista não reconhece ao assalariado qualquer direito, nem mesmo o direito à escravatura, que é o direito ao trabalho.”


Paul Lafargue
, , A Religião do Capital, jornal Le Socialiste, 1886



Diego Rivera, The Flower Carrier

domingo, maio 03, 2009

Não se canse...






«Continuo a aguardar tranquilamente as desculpas que o PCP deve ao PS»,
disse Vital Moreira, durante uma visita à Ovibeja.

Dia da Mãe

Honoré Daumier, A Lavadeira, c. 1863, Óleo sobre madeira. Museu d’Orsay, Paris


Daumier
, pintor realista, evoca o povo trabalhador das grandes cidades industriais francesas do século XIX. Revela-se um artista versátil desenvolvendo trabalhos no campo da pintura e da escultura, mas é sobretudo na caricatura, onde utiliza a litografia, que se revela um exímio e sagaz observador político e social, registando as condições de vida e principalmente de trabalho do proletariado urbano do século XIX.



Ao contrário das lavadeiras de Boucher e de Fragonard do século XVIII, a lavadeira de Daumier está despojada do aspecto lúdico e gracioso para revelar o realismo social e a dureza de um trabalho esgotante, cujo fardo é diariamente renovado ao serviço das famílias burguesas da sociedade industrial. O tratamento dado à forma feminina revela o esforço e o esgotamento provocado pelo trabalho no aspecto físico e psicológico. A pincelada vai construindo as formas através da mancha cromática. Os tons ocres escuros reflectem a sombria e tristonha vida deste proletariado. Não se distinguem as linhas do rosto. Estas mulheres eram heroínas anónimas, sem rosto. Eram mães e esposas. Partilhavam os seus magros recursos com o marido e os filhos. A família era uma unidade de produção que sobrevivia graças à conjugação de esforços e do trabalho dos seus membros. Os magros salários apenas permitiam mitigar a fome.



Distingue-se uma mistura de resignação e de ternura, da mãe que ajuda a filha a subir até ao cimo das escadas. Com a pá na mão, a criança parece partilhar e perpetuar a pesada tarefa materna. Criança sem infância, perdida desde cedo nos labirintos do trabalho infantil. A pá da cinza que se misturava na barrela. Mãe e filha em comunhão de esforço, de vida e de afectos.



Num segundo plano, a composição fecha-se com a referência às moradias de um bairro burguês parisiense, cenário de luz, sem dúvida previamente observado com precisão, mas que, pelo seu aspecto inacabado, desempenha, aqui, um papel secundário. É o mundo de luz, luxo e bem-estar da burguesia capitalista que sobrevive do trabalho duro de homens, mulheres e crianças socialmente desprotegidos.



A atenção que leva aos humildes resume-se nesta preocupação de força e de monumentalidade que recorda Miguel Ângelo, mostrando ao espectador uma espécie de “alegoria real”.






Ceujaime

sábado, maio 02, 2009

A defesa de Álvaro Cunhal no Tribunal Plenário, de 2 a 9 de Maio de 1950

A 2 de Maio de 1950 iniciou-se o julgamento de Álvaro Cunhal no Tribunal Plenário da Boa Hora. Na bancada da acusação, a PIDE. Na bancada de defesa, o seu pai, Avelino Cunhal e Luís Francisco Rebelo.

No entanto, o dirigente comunista encarregou-se da sua própria defesa e de improviso, nos dois primeiros dias do julgamento, falou durante mais de dez horas.

“Nós queremos que a política seguida em Portugal seja efectivamente portuguesa, seja determinada pelos interesses da maioria da população portuguesa e não pelos interesses de um ínfimo punhado de multimilionários que se tornam cúmplices dos imperialistas estrangeiros nos conselhos de administração das grandes companhias. Nós queremos que a independência portuguesa seja uma realidade vivida pelo nosso povo e não uma frase para fins publicitários.”

(Álvaro Cunhal)




http://resistir.info/portugal/imagens/cunh_12.jpg
Álvaro Cunhal, Desenhos da Prisão
alfa

sexta-feira, maio 01, 2009

Vital Moreira: fui agredido por ser antigo militante do PCP

O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Vital Moreira, considerou hoje que a agressão de que foi alvo no desfile do 1º de Maio da CGTP-IN foi motivada por ter sido antigo militante do PCP.

«Verificou-se uma clara animosidade conflitual contra um antigo militante do PCP, que não enjeita o seu percurso político, mas que também não renuncia à circunstância de ter saído de um partido quando achou que não era o sítio correcto para militar politicamente», declarou o cabeça de lista do PS às eleições europeias.

Vital Moreira foi insultado e agredido por manifestantes que participaram no desfile da CGTP, para assinalar o 1º de Maio.

Diário Digital / Lusa


Vital Moreira esquece-se do que escreve. Não apoiando de certa forma o que lhe foi feito, a verdade é que Vital Moreira divorciou-se das aspirações dos trabalhadores para se aliar às dos empresários. Vital Moreira passou-se para o lado do PS, com todo o direito que lhe assiste, e com isso passou a apoiar as políticas de Direita do PS. Há muito que Vital Moreira vem fazendo, no seu blogue e nos artigos que escreve nos Jornais, a defesa das políticas do PS que ao longo de anos vêm provocando o aprofundamento da crise e o crescimento do desemprego em Portugal. Que queria agora Vital Moreira depois das suas atitudes!? Queria ser recebido com cravos, rosas e palmadinhas nas costas por quem sente na pele as consequências das políticas que ele apoia!? Recebeu palmadinhas e latas de refrigerante em lugar das flores, ainda teve sorte, tendo em conta o desespero dos trabalhadores portugueses!

1º Maio – memória colectiva dos trabalhadores!

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Júlio Pomar, O Gadanheiro, 1945, óleo sobre tela,

Museu de Arte Contemporânea/Museu do Chiado, Lisboa

O Gadanheiro de Júlio Pomar constitui uma das mais belas imagens do neo-realismo português. Representa o herói do mundo do trabalho, imagem anónima e símbolo de resistência.

Sobre os montes que se estendem até à linha do horizonte surge a figura exuberante do trabalhador, de gestos certeiros, ritmados e vertiginosos segurando com firmeza a gadanha com que corta o feno.

A dinamicidade do corpo do trabalhador transforma-o em máquina. O ritmo dos braços complementa a robustez musculada das pernas que sustentam o equilíbrio do corpo e, no rosto, o esgar da dor e do esforço dispendido. Um corpo que avança decidido sobre observador e parece irromper e saltar da tela.

Um pormenor se destaca deste conjunto. O enorme pé, base do equilíbrio corporal e a mão firme, grossa pela aspereza do silêncio do trabalho.

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