Aqui posto de comando do Movimento das Palavras Armadas.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Primeiro levaram os comunistas, mas eu não me importei porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários, mas a mim não me afectou porque não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas, mas eu não me incomodei porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez de alguns padres, mas como não sou religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim e quando percebi, já era tarde.

Bertolt Brecht

O que é o Bloco de Esquerda?

É um partido de esquerda - dizem-me alguns -, outros há que da mesma forma que eu, não sabem o que pensar de tal formação partidária. Ainda em 91, o PSR era um partido comunista de ideologia trotskysta, a UDP era um partido comunista de ideologia marxista e a política XXI era um partido. Da união de todos estes partidos nasceu o Bloco de Esquerda ( até parece que vos estou a contar uma história de como nasceu uma qualidade de conhecidos cereais, mas não, é mesmo a história do nascimento do BE.). Desde então nunca mais se soube que ideologia perfilham ou se alguma perfilham, nem qual o projecto de sociedade que o Bloco de Esquerda tem para Portugal. Nada disto que é a base de um partido se sabe.

Estes três partidos, a meu ver, assumiram um pacto tácito com a sociedade capitalista. Em troca de protagonismo político nos seus meios de comunicação – e até algum favorecimento mediático – que os levasse onde sempre ambicionaram, os três partidos descaracterizaram-se e deixaram de pôr em causa os pilares fundamentais do sistema capitalista como até então o fizeram. Desta forma, o capitalismo aproveita-se de um partido sem organização, sem base social de apoio e sem uma militância que o sustente, para enfraquecer o único Partido que verdadeiramente afronta os seus objectivos – não podia haver melhor encontro de vontades. Contudo, está mais que provado que partidos que optam por enveredar por este caminho acabam por se esbater, sem no entanto deixarem de auxiliar o capitalismo nos seus objectivos. Só falta então agora saber o que acontecerá quando o capitalismo alcançar com este pacto o seu objectivo, ou quando o Bloco de Esquerda começar a ter poder para abalar o sistema capitalista? Nesta situação, só uma coisa pode acontecer: o capitalismo irá empregar os mesmos meios que utilizou para promover o Bloco, só que desta vez servirão para o eliminar e neste caso o trabalho será facilitado pelas fragilidades atrás referidas.

Por fim, deixo aqui as definições que tenho apurado, sobre o Bloco de Esquerda:

“Não passam de um bando de pseudo-esquerdistas, amantes de artes circenses e que poderão com as suas atitudes desprestigiar a política e a digna e justa luta do povo por melhores condições de vida”.

“O BE é como uma salada russa. Sabe bem ao comermos, mas nunca se percebe bem os ingredientes de que é feita nem se a maionese não irá provocar uma intoxicação.”

“São uns merdas que têm vergonha de se assumirem como comunistas de foice, martelo e estrela dourada sob pano vermelho e que se encapotam atrás de um esquerdismo sem conteúdo.”

“O BE é a esquerda cómica, é sobretudo uma construção mediática.”(É obvio, que neste artigo se fala em duas hipotéticas situações que possivelmente nunca acontecerão, isto para o bem do povo português e em especial dos trabalhadores, contudo, convém alertar para este perigo antes que nele sejamos enredados.)


terça-feira, dezembro 21, 2004

Danos e prejuízos causados pelo bloqueio (em milhões de dólares, acumulado até 2003)

Receitas deixadas de receber por exportações e serviços - 36,225.4
Perdas por recolocação geográfica do comércio - 18,049.7
Afectações à produção e ao comércio - 2,847.5
Bloqueio tecnológico - 8,265.4
Afectações aos serviços da população - 1,546.3
Afectações monetário-financeiras - 8,348.5
Incitação à emigração e à fuga de talentos - 4,042.4
Total das afectações e danos provocados pelo bloqueio - 79,325.2
Fonte: Relatório de Cuba sobre a resolução da Assembleia-Geral da ONU, sobre a necessidade de se pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos EUA.

Só não vê quem não quer...

“(...) Fidel Castro tem também o hábito de fazer os mais rasgados elogios a Cuba e ao sistema que implantou no país. Gosta, por exemplo, de elogiar o intricado sistema eleitoral cubano, em que as províncias elegem os órgãos de base que, por sua vez, vão elegendo outros órgãos por aí a cima, até se chegar à cúpula. É um sistema original, mas naturalmente com falhas. No parlamento cubano, por exemplo, raramente se vota. As decisões são sempre tomadas por consenso. «E quando não há consenso?», indaguei a certa altura. Responderam-me que se continua a discutir até se conseguir. Como democratas pluralistas e multipartidários, isto é algo que nos choca. (...)

a verdade é que o sistema cubano não deixa de ter aspectos positivos. (...) Na saúde alcançaram, de facto, um êxito enorme, e todo o sistema demonstra um alto nível de qualidade. Os números só reforçam essa impressão: um médico por cada 162 habitantes.

A educação é, tal como a saúde, gratuita a todos os níveis. E, durante a nossa visita, pudemos constatar isso mesmo quando nos deslocámos a uma universidade para os primeiros dois anos do curso de Medicina, que era frequentada por alunos oriundos de todo o Mundo. Ali, os jovens estudam de graça, comem de graça e dormem de graça. Nacionais e estrangeiros, em especial de países da América Latina e de África. (...)

A criminalidade é reduzida e está controlada. O problema da droga não tem grande expressão. E a SIDA está sob controlo. Não se vê ninguém mal vestido ou com cara de fome. São estes os trunfos que Fidel apresenta em defesa do seu sistema. (...)"




Almeida Santos

In “Visão” 9 de Novembro de 2000

Igualdade vs. Liberdade

Quem visita Cuba encontra um bom estimulo para reflectir sobre a necessidade de uma nova síntese entre valores da liberdade e da igualdade que ainda não foi conseguido. Os dirigentes cubanos estão convencidos de que , com o seu sistema , que prioriza as políticas sociais às económicas, encontraram esta síntese.

Cuba coloca a tónica na igualdade, enquanto no ocidente a pomos na liberdade. Nós somos todos livres, mas também o somos para ser pobres, analfabetos ou desempregados. A União Soviética privilegiou a igualdade e matou a liberdade. O Ocidente privilegia as liberdades, mas sacrifica , de algum modo , a igualdade. Entre nós a liberdade individual coabita com desigualdades chocantes.

As políticas sociais cubanas podiam ser um modelo para o Ocidente. (...) O problema é que aquele modelo não se revelou até agora conciliável com uma economia de mercado. (...) Só sob um regime forte é possível transferir para a saúde, a educação, a cultura e o desporto, meios orçamentais tão elevados. (...)

Nos Estados Unidos, o país mais rico do Mundo, há 43 milhões de pobres. Que significado tem um alto rendimento per capita coabitando com um exército de analfabetos, desempregados e famintos?

Almeida Santos

In “visão” 9 de Novembro de 2000
“Muito sinceramente não nos pareceu que os cubanos vivessem oprimidos por uma ditadura feroz. E Fidel parece continuar a ter um grande apoio popular”



Almeida Santos

In “Visão” 9 de Novembro de 2000

quarta-feira, dezembro 08, 2004


No coment! Posted by Hello

Hino da URSS

Unido, supremo, é o nosso país! Cantai à pátria, de nossa liberdade,A sólida base dos povos irmãos, O Partido de Lenin é a força do povo, Que nos guia à vitória Comunista! Nas tormentas nos brilha o sol da liberdade, Caminho que o Grande Lenin traçou, Em causa da verdade levantou o povo, Em trabalho e na luta ele nos inspirou! Cantai à pátria, de nossa liberdade, A sólida base dos povos irmãos, O Partido de Lenin é a força do povo,Que nos guia à vitória Comunista! Na vitória imortal das idéias Comunistas, Vemos o futuro de nosso país, E ao tremular do Estandarte Vermelho, Estaremos nós para sempre fiéis! Cantai à pátria, de nossa liberdade, A sólida base dos povos irmãos, O Partido de Lenin é a força do povo,Que nos guia à vitória Comunista!

Amostra de democracia.

Mais uma vez o PS deu uma lição de boa democracia (daquela que temos) e com uma ajudinha do aparelho do partido e com algum compadrio à mistura, lá conseguiu o nosso exemplo democrático eleger alguém semelhante ao actual primeiro Ministro Santana Lopes. Mais uma vez o PS mostrou que no seu Bilhete de Identidade o Socialismo apenas se fica pela designação do partido e mais uma vez o PS optou por se virar para o centro do leque político em detrimento da esquerda à qual pretende estar associado. “Nós somos a esquerda moderna”, reclamam bem alto com medo que os conotem com outra vertente política. Então o que é a esquerda moderna?? É o Governo Trabalhista de Tony Blair (comparsa dos EUA numa guerra ilegal)?! Foi-o o desastroso Governo de António Guterres, o qual Sousa Franco considerou o pior Governo desde o tempo de D. Maria?! É isto a esquerda moderna?? Então muito obrigado mas os portugueses não a devem querer!!!
É certo que o novo PS - com a capacidade de mutação que lhe é conhecida - irá ocupar no espectro partidário a área liberal, ou seja, a mesma área em que se insere ideologicamente o PSD. Agora só falta saber se existirá espaço suficiente para dois partidos muito semelhantes

Lenine Posted by Hello

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Entendamo-nos!









Sou militante, condição da qual me orgulho e com a qual me identifico (senão também não o seria). Sempre defendi a linha ideológica e as posições da organização, do colectivo que é a organização. No meu conceito de unidade, a diversidade também tem lugar, a diversidade de pensamento.

A paixão por uma mesma coisa leva como é natural à escolha de formas diferentes de alcançar um mesmo objectivo: a valorização e o crescimento da organização. Contudo, também deverá ser natural que todos saibam respeitar o que o conjunto decide - ainda que não sejam estas as suas posições – e que todos se saibam respeitar uns aos outros. Sempre acreditei em tudo isto e continuarei a acreditar, só peço que não seja a organização nem a outra parte que me façam desacreditar em tudo aquilo que acho possível. A parte “derrotada” não deverá puxar violentamente a corda para o seu lado (julgando-se senhores da verdade), deverá sim contribuir para o crescimento da organização, trilhando com o colectivo lado a lado o caminho por este escolhido sem no entanto abdicar das suas posições. Do outro lado, os vencedores deverão continuar a respeitar os “vencidos”, não se devendo eles achar na legitimidade que erradamente julgam ter adquirido pela “vitória”, para prosseguir e ameaçar com a expulsão daqueles que em certos aspectos pensam de forma diferente e tudo isto porque também querem o melhor para a organização. Temos uma corda que será a organização, e duas partes a puxa-la violentamente cada uma para seu lado. No fim alguém irá ficar a perder! Neste jogo de correlação de forças, ambas as partes pensam que mais cedo ou mais tarde a outra irá ser vencida, porém, o que elas não vêem é que a derrotada é a organização e todos os que dependem dela, porque esta esfrangalha-se por cada puxão que cada parte dá.

Continuo a acreditar na tolerância, continuo a acreditar que numa organização a diversidade de opiniões colocam-na mais próxima da sociedade e continuo a acreditar que a unidade só se consegue com tolerância das duas partes. Quando a organização não espelha o meu pensamento é obvio que estarei mais longe desta organização...