Na presença de Charles Smith, Cabral explicava ao administrador inglês as razões dos pagamentos de luvas a um ministro que já não estava no poder. E isto porque este licenciado e mestre em Direito pela Faculdade de Direito, hoje com 44 anos, saiu do Governo de Guterres e foi nomeado inspector-geral do Ambiente pelo novo ministro do PSD, o famoso Isaltino de Morais. Cargo que manteve com os três ministros seguintes, dois sociais-democratas e um do CDS. Um homem importante e que, como diz João Cabral no DVD, podia efectivamente meter medo a muita gente com projectos pendentes na área do Ambiente. Filipe Baptista manifestamente não gosta muito de se dar a conhecer. No portal do Governo não tem perfil e na declaração de rendimentos apresentada no Tribunal Constitucional referente ao ano de 2005 esqueceu-se de mencionar os seus rendimentos.
Ontem, bombardeado com suspeitas e com notícias, foi obrigado a emitir um comunicado, no qual classifica as alusões ao seu nome no caso Freeport de falsas e difamatórias. Mas a verdade é que era chefe de gabinete de Sócrates na altura do licenciamento, foi de facto inspector-geral do Ambiente e está há quatro anos instalado na residência oficial de São Bento, como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. E é, indiscutivelmente, uma das poucas pessoas que almoçaram ou jantaram todos os dias com Sócrates. Longe vão os tempos em que foi assessor do provedor de Justiça, de 1994 a 1997, e assistente na Faculdade de Direito de Bissau, em 1997 e 1998.
in Correio da Manhã
Não foi nem de perto nem de longe um dos professores que mais me tivesse marcado e se marcou foi pelo seu carácter peculiar e cómico que ainda hoje tento compreender. Era o denominado "professor gabarolas". Idolatrava os trabalhos que fazia, mas que nos eram desconhecidos, e tinha uma forma curiosa de terminar as aulas. Normalmente ia debitando a matéria e arrumando as suas coisas, dirigindo-se simultaneamente para a porta de saída. Mesmo havendo alunos a quererem colocar-lhe dúvidas, o Dr. ignorava e despedia-se sem que desse oportunidade a inquirições.
Houve porém uma ideia sua que me marcou. Esta personalidade caricata, que o ainda era mais quando se ria, levando a sala a rir-se dele, revelou-nos que há muito que tinha deixado de gostar de futebol e que só ia aos estádios para assistir ao espectáculos que se passavam nas bancadas. Esta ideia transformou a minha forma de ver o futebol e devo dizer que o senhor tinha razão, há espectáculos nas bancadas dos estádios que por si só justificam o preço do bilhete. Pelo lado negativo, a sua marca resumiu-se às notas dos testes. Três testes, três negativos menos, menos, menos (---). Julgo que cheguei a ficar abaixo do 0, porque a sua tabela quantitativa ainda hoje em dia é uma incógnita e escrevesse eu pouco ou muito, estudasse eu pouco ou muito, a nota era sempre aquela. Cheguei a pensar que a nota era inamovível fizesse eu o que fizesse. Talvez agora compreenda e acredite que devido ao seu empenho nas actividades políticas, o Dr. Filipe Baptista não tivesse tempo para avaliar os testes e terá usado, à boa maneira do Direito Anglo-saxónico, a regra do precedente para atribuir as notas.
Já sabia que, depois de desaparecer da faculdade, o Dr. Filipe Baptista desenvolvia o seu trabalho para o Governo. Mas desconhecia que uma personalidade com aquele carácter fosse assim tão influente e poderosa! Como diz o ditado, as aparências iludem.
Resumiu-se a isto a sua influência na minha personalidade e na formação enquanto jurista. Analisando agora a esta distância, talvez devesse ter aproveitado para aprender mais qualquer coisa, certamente daria jeito!
1 comentário:
...os tentáculos do polvo vão-se revelando!
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