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sexta-feira, junho 17, 2005

Poema para um Homem

O COMUM DA TERRA (Vasco Gonçalves)
Nesses dias era a sílaba, a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar,
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem,
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
Eugénio de AndradeIn: Homenagens e Outros Epitáfios 14/05/76

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